10 julho 2009

Smartphones: o que será do futuro?


IT WEB - WEB - 29/06/09

Moda, coqueluche do mercado, mal necessário: não importa a denominação, o fato é que os smartphones viraram realidade no dia-a-dia dos executivos e cada vez mais ganham espaço no mercado - não somente nas economias mais abastadas. Países como Chile, México, Argentina e Brasil assistem a um boom na adoção destes computadores de mão, o que tem forçado fabricantes a inovarem. Afinal de contas, a acirrada concorrência provoca uma corrida dos fornecedores por melhorias que vão desde o sistema operacional, browser, aumento de capacidade de processamento e vida mais longa para bateria até design, facilidade de uso, integração com variados softwares. Isto porque, atualmente, as empresas não buscam apenas um handset para leitura de e-mail. Elas querem integrar banco de dados, CRM, ERP e, assim, ampliar produtividade e dar mais agilidade aos funcionários.

Estudo realizado pela IDC, a pedido da Research In Motion (RIM), uma das líderes no mercado de smartphones, revelou que Chile e Colômbia são os países da América Latina mais adiantados na adoção da mobilidade corporativa. A mesma pesquisa mostrou que a conectividade em trabalhos externos é a funcionalidade número um para os trabalhadores móveis . Argentina e Chile estão na frente quando o assunto é integração de aplicativos como ERP, BI e CRM.

Aos poucos esse movimento ganha corpo no Brasil - impulsionado pelas multinacionais que utilizavam esses dispositivos em suas matrizes e passaram a exigi-los em suas subsidiárias. Há também no mercado brasileiro o nicho de profissionais liberais que descobriram nos aparelhos inteligentes uma forma de economizar recursos e levar o escritório para todos os lugares. Em linhas gerais, o levantamento da IDC mostrou que o País tem uma realidade muito próxima da do México e da Argentina.

Nos Estados Unidos, onde o mercado é mais consolidado, o debate está em questões do tipo: como prover acesso, de quem deveria conseguir acesso e em quais tipos de dispositivos. Pesquisa realizada pela InformationWeek EUA, com 412 profissionais de TI, revelou que dois terços das empresas utilizam ou planejam utilizar aplicativos móveis.

Embora a discussão seja mais aprofundada no mercado norte-americano, entre os latinos, não deixa de ser semelhante. É visível a necessidade de incluir um número maior de aplicativos nestes aparelhos - o que implica em um handset robusto, com alta capacidade de processamento e que, ao mesmo tempo, confira a segurança necessária, já que dados estratégicos trafegam nessa rede. Diante desta situação, a pergunta que a InformationWeek Brasil faz sai do mundo do software e entra no hardware. Como comportar tudo isso? O que será do smartphone no futuro?

Mundo inteligente

Acho que tudo será computação móvel. Para onde vai convergir eu não sei dizer. O futuro é uma tela, mas, se vai ser maior ou menor, no bolso ou na geladeira, será uma questão de escolha. O smartphone já traz na concepção a mobilidade. Não vislumbro uma solução definitiva , divagou Marcelo Zenga, diretor de marketing da Palm no Brasil, sobre o que se pode esperar deste mercado. A ideia de que a inteligência pautará os próximos dispositivos também está na mente de Adriano Lino, gerente de inteligência de mercado da RIM para América Latina. O celular tomou o papel do relógio e do despertador e tomará parte do papel do computador , dispara.

Contudo, nem todas as companhias apostam nesse rumo. A Motorola, por exemplo, entende que sempre haverá espaço para aqueles que apenas querem fazer ligações. A maioria dos entrevistados para esta reportagem concorda, entretanto, que o futuro está em balancear o processamento de informações com a durabilidade da bateria (ou um consumo de energia mais eficiente), permitindo atender a corporações e usuários de maneira mais adequada.

Prova disso é o grande investimento feito em chips para smartphones. A RIM utiliza em seu Bold um processador de 625 Megahertz, um dos mais rápidos do mercado, e a HTC equipa o Touch Pro com um de 528 Megahertz. E a Qualcomm já anunciou a chegada de um produto com velocidade de 1 Giga, mostrando a importância de dar agilidade aos aparelhos. Além disto, as companhias estão preocupadas com a segurança e com o bom uso da energia.

A Apple, com o seu hit iPhone, afirma que vem se preparando para este futuro e para o mundo empresarial desde a primeira versão do aparelho. Em entrevista exclusiva à InformationWeek Brasil, a companhia explicou que, antes de lançar a versão 3G do telefone, avaliou uma série de feedbacks de empresas que utilizaram o primeiro modelo e sugeriram alterações. Algumas se interessaram em testar e fizeram solicitações como suporte VPN e integração com Exchange e, para entrar no mercado corporativo, a Apple preencheu esta lista [de requisições] com o sistema operacional 2 , explicou a Apple. Sobre o processador, a companhia defende que a questão principal concentra-se em como as coisas estão integradas. E concorda que a combinação agilidade e bateria é fundamental.

Henrique Monteiro, gerente de produto da RIM para América Latina, garante que a demanda (por novidades e processamento) é sempre grande. A expectativa, segundo ele, é que o celular traga mobilidade total e em menor porte. Isto significa maior capacidade de processamento, maior banda e menor consumo de energia , diz, confirmando a tendência de balancear os pontos já citados. É preciso simplicidade, velocidade e confiabilidade , completou, ao se referir também à importância da segurança nos dispositivos.

Já na visão de Rodrigo Byrro, gerente de produto da HTC para América Latina, possuir um smartphone tem se tornado essencial. É a extensão da vida corporativa , resume. O executivo vê melhorias para o futuro e diz acreditar em uma integração hardware/software cada vez melhor. A avaliação de Byrro sobre o que vem pela frente passa por mais conectividade. Ele acredita que tudo será web e, assim, o desafio das fabricantes estará no browser e numa tela mais nítida - e não somente no hardware. O navegador já está melhor, mas não como o do PC , admite.

De fato, cada vez mais empresas têm investido em alcançar bons navegadores para que os usuários - corporativos ou finais - sintam-se bem em utilizar a web por meio de um celular inteligente. O popular Opera Mini aparece como um dos casos de sucesso. No entanto, há alguns que pecam pela funcionalidade.

Diversidade de plataformas

Outro ponto crucial no desenvolvimento (e expansão da base) dos smartphones é o sistema operacional (SO), que, muitas vezes, determina a opção de compra por parte do cliente. As apostas da Palm estão no sistema webOS, que deve chegar ao mercado junto com o modelo Pre. Haverá uma pressão maior sobre a conectividade , adianta Zenga. E, enquanto o produto não começa a ser vendido, a companhia, que já liderou este nicho (em 2005, seu sistema operacional detinha 20% do mercado e, em 2007, estava com apenas 12%, de acordo com o Gartner), tenta resgatar seu espaço e prestígio por meio de outras estratégias.

O modelo Treo Pro, por exemplo, voltado às corporações, abandona o sistema operacional Palm OS para adotar o Windows Mobile, algo impensável em companhias como Apple ou RIM. Os fãs da marca migraram para smartphones com Windows, para facilitar operações com os processos da empresa. A Palm entendeu que precisava se adequar a uma nova realidade , explica o diretor de marketing, demonstrando confiança na decisão da fabricante. A reportagem questionou como ficaria a questão do webOS, que tem despertado a curiosidade de muitas pessoas e poderia ser um concorrente do sistema da Microsoft. Hoje, nossa aposta é Windows para mercado corporativo e webOS para usuários finais , argumentou Zenga.

Trabalhar com uma diversidade de plataformas no mercado pouco atrai a Apple e a RIM. Ambas as companhias são focadas em oferecer uma solução integrada e, para isso, não abrem mão dos seus respectivos sistemas operacionais. Apenas observam as movimentações das concorrentes. A essência do BlackBerry está na solução integrada. Não somos hardware, mas fabricantes de soluções , explica Monteiro. Segundo o executivo, cada software lançado é pensado para ser 100% integrado aos demais aplicativos. Ele utilizou como exemplo o Windows Live Messenger, que está conectado à agenda. Queremos uma integração 360º com nossa solução. Não faz sentido fabricar só o aparelho , comenta.

Já no caso da Apple, risos tomaram conta da sala de reunião na sede da companhia em São Paulo, quando a reportagem questionou o uso de plataformas como Android. A resposta: funcionalidades serão contempladas na versão 3.0 do seu sistema operacional, a ser lançado ainda neste ano. Como exemplo, a fornecedora confirma a inclusão da função copiar/colar, um desejo antigo dos clientes. O atraso, justifica a Apple, ocorreu porque a ideia inicial era que as aplicações se conversassem, o que evitaria o copiar/colar. O teclado paisagem também será realidade, assim como uma ferramenta de buscas, por meio do qual, a partir da palavra digitada, o sistema buscará em todos os pontos (como arquivos, pastas e e-mail).

Outra mudança foi a ampliação do push notification. O aparelho não roda várias aplicações ao mesmo tempo, mas algumas precisam de alerta e poucas contavam com esta possibilidade - o que será ampliado. Um bom exemplo desta funcionalidade é o uso de CRM. Se o executivo estiver utilizando qualquer outro programa e houver alguma novidade no software de gerenciamento de clientes, o saberá por meio do alerta, sem necessidade de estar com o software aberto.

Tentando recuperar espaço, sobretudo nos Estados Unidos, a Motorola lançou recentemente um modelo touchscreen. Equipado com plataforma Windows Mobile e interface amigável, o aparelho batizado de Moto A3100 tem como objetivo competir com os hits do mercado. A empresa liderou o mercado de celulares em geral e hoje enfrenta a forte concorrência, segundo institutos como IDC e Gartner. Já sobre o Android, um dos focos da Motorola, Alexandre Giarolla, gerente de produto da fabricante no Brasil, limita-se a dizer que o sistema operacional do Google está alinhado com o que a Motorola colocou no caminho há vários anos , referindo-se ao código aberto.

Assim como a Motorola, a HTC está trabalhando com a plataforma open source do Google, colocando o Android como parte de um movimento estratégico para a fabricante. Mas o gerente de produto para América Latina, Byrro, ressalta que o acordo com a Microsoft se mantém forte e atende bem ao mercado empresarial. Não temos experiência corporativa com Android , assinalou.

Se, no futuro, telefones preparados somente para voz e mensagens de texto serão apenas peças de museus, ainda não há como prever. Afirma-se, entretanto, com precisão que a atenção especial para os celulares inteligentes não é à toa. Pesquisas de mercado, como da In-Stat, apontam que o market share desses equipamentos deve dobrar até 2013, chegando a 20%. E a ABI Research revelou que em 2008 foram embarcados mais de 171 milhões de smartphones. De olho nestes dados, fabricantes movimentam-se para apresentar novidades ao (insaciável) mercado consumidor - e os handsets inteligentes extrapolaram a barreira do corporativo, uma vez que os usuários finais têm se rendido às funcionalidades oferecidas pelos, cada vez mais potentes e atraentes, gadgets.

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