Nova geração de usuários é principal desafio das teles
VALOR ECONÔMICO - EMPRESAS & TECNOLOGIA - SÃO PAULO - 24/06/09 - Pg. B3 |
Um jovem de 21 anos prestes a entrar no mercado de trabalho já
disparou, em média, 250 mil e-mails, torpedos via celular e mensagens
instantâneas. Todos os dias, o número de SMS (as mensagens de texto do telefone
móvel) enviados e recebidos no mundo todo supera a população mundial. E, para
não deixar por menos, a cada três segundos, 500 palavras são adicionadas à
enciclopédia virtual Wikipedia.
Dados como esses listados acima são exemplos de uma mudança de comportamento que está esquentando a cabeça dos executivos de empresas de telecomunicações. Começa a emergir uma geração de consumidores que entendem de tecnologia, querem estar conectados à internet o tempo todo e, com a mesma facilidade, aderem a modismos e os abandonam sem pudor - se a onda do momento é a rede de microblogs Twitter, o mundo virtual do Second Life soa como coisa do passado.
As companhias têm de percorrer um processo de aprendizado. Por exemplo, não sei se existe algum modelo de negócios por trás do Twitter, mas o fato é que agora as empresas têm que aprender tudo sobre ele, afirma Jeffrey Cole, diretor do Centro de Futuro Digital da Universidade do Sul da Califórnia e um dos maiores estudiosos do comportamento dos consumidores de tecnologia.
Cole participou ontem de um fórum de inovação que a Ericsson realiza nesta semana em Estocolmo para jornalistas do mundo todo.
É inegavelmente sintomático que, a despeito do tema, quem dá o tom do evento não são tecnologias recém-descobertas nem promessas de um futuro muito distante. O que está em pauta, acima de qualquer coisa, é de que forma utilizar conceitos e infraestruturas já existentes para entender esse novo consumidor e oferecer serviços nos quais ele tenha interesse.
Não é tarefa das mais fáceis - tanto que laboratórios como o de Cole, na Califórnia e o dirigido pela professora Kristina Hook na Universidade de Estocolmo debruçam-se sobre o tema há anos e não têm grandes respostas prontas.
As empresas precisam ser mais abertas à experimentação, avalia Martin Korling, diretor de serviços da Ericsson, cargo responsável pelo estudo do comportamento do consumidor. Para ele, o novo cenário é desafiador e requer mudanças na postura das companhias. Não dá mais para apenas perguntar o que as pessoas querem. É preciso colocar em teste novos serviços e produtos para que elas possam decidir. Às vezes, as pessoas também não sabem o que querem antes de você oferecer alguma coisa para elas.
A estratégia envolve uma boa dose de riscos, afirma o executivo. Afinal, gasta-se dinheiro para desenvolver produtos que podem ser rejeitados. Por outro lado, quando os consumidores acham alguma inovação interessante, você já tem uma posição no mercado, pondera Korling.
Há quem prefira se manter alheio a esses caminhos sinuosos. A Telenor, empresa que controla 13 operações de telefonia móvel na Europa e na Ásia, faz uma aposta mais conservadora. Preferimos nos concentrar no nosso foco, que é oferecer infraestrutura de acesso, afirma o presidente da Telenor Suécia, Lars-Ake Norling. Não vamos nos aventurar a desenvolver conteúdo.
Decifrar as preferências do consumidor pode ser difícil, mas Cole, da Universidade do Sul da Califórnia, afirma que há algumas pistas. Elas são fruto das pesquisas que o professor desenvolveu nos últimos nove anos em 30 países. A primeira lição é que as redes sociais - como MySpace e Orkut - são tão importantes para os jovens quanto o mundo real. A segunda conclusão é que as indústrias de filmes e músicas vão sobreviver, mas como negócios menores. A última tendência apontada nas pesquisas feitas por Cole mostra que os consumidores começam a aceitar anúncios publicitários para pagar pelo conteúdo que acessam. A recessão ajudou a mudar esse comportamento, avalia.
Essas transformações não passam despercebidas das companhias, que enxergam no novo ambiente possibilidades de diversificar seus negócios.
Mais conhecida como provedora de equipamentos para redes de telefonia, a Ericsson tem apostado em um novo campo de atuação: o desenvolvimento de tecnologias que auxiliem a oferta de serviços multimídia pelas operadoras. Outro alvo dos esforços mais recentes da companhia sueca é a criação de sistemas que possibilitem ao consumidor acessar o mesmo conteúdo, da mesma forma, seja numa rede de banda larga fixa ou móvel. A empresa também aposta na conexão de equipamentos - como carros e câmeras fotográficas - por meio das redes de celular, um movimento que deve multiplicar o tráfego na infraestrutura das teles móveis.
A estimativa da Ericsson é de que haverá, em 2020, cerca de 50 bilhões de dispositivos e pessoas conectados por meio da telefonia móvel. Hoje, há 4 bilhões de usuários de celular no mundo.
Hakan Eriksson, vice-presidente de tecnologia da empresa sueca, afirma que não é possível acertar a mão todas vezes, mas é preciso seguir experimentando. Às vezes você leva 30 anos para que uma tecnologia vire sucesso do dia para a noite, diz.
A repórter viajou a convite da Ericsson
Dados como esses listados acima são exemplos de uma mudança de comportamento que está esquentando a cabeça dos executivos de empresas de telecomunicações. Começa a emergir uma geração de consumidores que entendem de tecnologia, querem estar conectados à internet o tempo todo e, com a mesma facilidade, aderem a modismos e os abandonam sem pudor - se a onda do momento é a rede de microblogs Twitter, o mundo virtual do Second Life soa como coisa do passado.
As companhias têm de percorrer um processo de aprendizado. Por exemplo, não sei se existe algum modelo de negócios por trás do Twitter, mas o fato é que agora as empresas têm que aprender tudo sobre ele, afirma Jeffrey Cole, diretor do Centro de Futuro Digital da Universidade do Sul da Califórnia e um dos maiores estudiosos do comportamento dos consumidores de tecnologia.
Cole participou ontem de um fórum de inovação que a Ericsson realiza nesta semana em Estocolmo para jornalistas do mundo todo.
É inegavelmente sintomático que, a despeito do tema, quem dá o tom do evento não são tecnologias recém-descobertas nem promessas de um futuro muito distante. O que está em pauta, acima de qualquer coisa, é de que forma utilizar conceitos e infraestruturas já existentes para entender esse novo consumidor e oferecer serviços nos quais ele tenha interesse.
Não é tarefa das mais fáceis - tanto que laboratórios como o de Cole, na Califórnia e o dirigido pela professora Kristina Hook na Universidade de Estocolmo debruçam-se sobre o tema há anos e não têm grandes respostas prontas.
As empresas precisam ser mais abertas à experimentação, avalia Martin Korling, diretor de serviços da Ericsson, cargo responsável pelo estudo do comportamento do consumidor. Para ele, o novo cenário é desafiador e requer mudanças na postura das companhias. Não dá mais para apenas perguntar o que as pessoas querem. É preciso colocar em teste novos serviços e produtos para que elas possam decidir. Às vezes, as pessoas também não sabem o que querem antes de você oferecer alguma coisa para elas.
A estratégia envolve uma boa dose de riscos, afirma o executivo. Afinal, gasta-se dinheiro para desenvolver produtos que podem ser rejeitados. Por outro lado, quando os consumidores acham alguma inovação interessante, você já tem uma posição no mercado, pondera Korling.
Há quem prefira se manter alheio a esses caminhos sinuosos. A Telenor, empresa que controla 13 operações de telefonia móvel na Europa e na Ásia, faz uma aposta mais conservadora. Preferimos nos concentrar no nosso foco, que é oferecer infraestrutura de acesso, afirma o presidente da Telenor Suécia, Lars-Ake Norling. Não vamos nos aventurar a desenvolver conteúdo.
Decifrar as preferências do consumidor pode ser difícil, mas Cole, da Universidade do Sul da Califórnia, afirma que há algumas pistas. Elas são fruto das pesquisas que o professor desenvolveu nos últimos nove anos em 30 países. A primeira lição é que as redes sociais - como MySpace e Orkut - são tão importantes para os jovens quanto o mundo real. A segunda conclusão é que as indústrias de filmes e músicas vão sobreviver, mas como negócios menores. A última tendência apontada nas pesquisas feitas por Cole mostra que os consumidores começam a aceitar anúncios publicitários para pagar pelo conteúdo que acessam. A recessão ajudou a mudar esse comportamento, avalia.
Essas transformações não passam despercebidas das companhias, que enxergam no novo ambiente possibilidades de diversificar seus negócios.
Mais conhecida como provedora de equipamentos para redes de telefonia, a Ericsson tem apostado em um novo campo de atuação: o desenvolvimento de tecnologias que auxiliem a oferta de serviços multimídia pelas operadoras. Outro alvo dos esforços mais recentes da companhia sueca é a criação de sistemas que possibilitem ao consumidor acessar o mesmo conteúdo, da mesma forma, seja numa rede de banda larga fixa ou móvel. A empresa também aposta na conexão de equipamentos - como carros e câmeras fotográficas - por meio das redes de celular, um movimento que deve multiplicar o tráfego na infraestrutura das teles móveis.
A estimativa da Ericsson é de que haverá, em 2020, cerca de 50 bilhões de dispositivos e pessoas conectados por meio da telefonia móvel. Hoje, há 4 bilhões de usuários de celular no mundo.
Hakan Eriksson, vice-presidente de tecnologia da empresa sueca, afirma que não é possível acertar a mão todas vezes, mas é preciso seguir experimentando. Às vezes você leva 30 anos para que uma tecnologia vire sucesso do dia para a noite, diz.
A repórter viajou a convite da Ericsson
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