02 julho 2009

Consolidação acirra disputas no celular


VALOR ECONÔMICO - ESPECIAL TELECOMUNICAÇÕES - SÃO PAULO - 24/06/09 - Pg. F2

para o Valor, de São Paulo

A rápida expansão das linhas telefônicas no Brasil foi acompanhada de um dinâmico processo de consolidação. Depois de quase onze anos de privatização, o setor é dominado por três grandes grupos, a Telefônica - que, além de comandar o mercado paulista de telefonia fixa, é uma das controladoras da Vivo -, o grupo Oi/BrT, resultado da fusão entre Oi e Brasil Telecom, e as empresas encabeçadas pela Telmex, do empresário mexicano Carlos Slim, cujo controle avança sobre Embratel, Claro e NET. De acordo com dados divulgados pela consultoria Teleco, esses gigantes faturaram juntos R$ 124 bilhões em 2008, o que corresponde a 80,7% da receita bruta do setor. Em quarto lugar, aparece a TIM, com 11,9% de participação na receita e atuação centrada em celulares; os outros 7,4% do mercado estão nas mãos de pequenos provedores. A consolidação beneficiou o setor de telefonia móvel. Com ela, temos operadoras grandes atendendo o território nacional, o que traz concorrência, afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.

Tude explica que pouco restou da distribuição original das operadoras móveis instaladas no Brasil. Durante a privatização, foram vendidas licenças em dez regiões, cada uma delas seria explorada por duas empresas. Hoje, as operadoras Vivo, Oi, TIM e Claro se digladiam por clientes e dividem o mercado nacional em participações equânimes. Entres as menores persistem Sercomtel, na região de Londrina (PR), CTBC, que atende o triângulo mineiro, e a Aeiou, entrante na região metropolitana de São Paulo. Este é um negócio de escala. Empresas grandes têm maior capacidade de investimento e são mais eficientes na compra de aparelhos, conseguindo vantagens por conta do volume pedido, complementa Anderson Ramires, diretor da área de consultoria em telecomunicações da PricewaterhouseCoopers.

A consolidação na telefonia celular também foi tendência na América Latina, onde Telefônica e Telmex lideram o segmento. Na região elas estão bem posicionadas nos rankings da telefonia fixa. Com a convergência, a tendência é que aumente a competição entre tecnologias. A telefonia móvel deve tomar cada vez mais clientes da fixa. Por isso, as empresas se aglomeraram em grupos para ter todos os serviços, conta Elia San Miguel, analista de telecomunicações do Gartner Group.

Para a telefonia móvel, a consolidação deve trazer contribuições importantes na qualidade dos serviços. A disputa ferrenha por clientes exige inovação constante em infraestrutura, oferta de serviços diferenciados e adequação dos preços para atrair consumidores. O Brasil conta 157,5 milhões de linhas móveis, segundo levantamento da Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel) divulgado em 18 de junho. Isso quer dizer que oito em cada dez brasileiros têm um celular.

Para acirrar a competição, a portabilidade numérica permite a troca de operadora com manutenção do número, quebrando a última barreira de migração entre as móveis. O mercado que cresceu exponencialmente na última década passa a viver uma nova realidade. O foco está na retenção de usuários e o crescimento da receita estará cada vez mais vinculado ao aumento na venda de serviços para quem já está na base, diz Ramires.

Na telefonia fixa, a divisão do mercado é constante alvo de polêmica. Nos serviços de voz e de acesso à banda larga por meio das redes de cobre, há concentração em duas empresas. A Telefônica detém a rede no Estado de São Paulo e a Oi, com a aquisição da Brasil Telecom, concentra os serviços no restante do país. A GVT, única empresa espelho que teve sucesso no Brasil, focou suas operações em nichos de mercado e avança de acordo com sua capacidade de investimento.

No Brasil, o setor de banda larga sofre com a falta de concorrência na telefonia fixa. Segundo estudo realizado pelas Universidades de Oxford e de Oviedo, a pedido da Cisco, o Brasil ficou em 38º em qualidade na internet de banda larga. A análise foi realizada em 42 países. A teledensidade de banda larga no país também é baixa: chega, de acordo com a Anatel, a 5,3 acessos por grupo de 100 habitantes. Em países desenvolvidos, o índice está acima de 20.

Em todo o mundo, a privatização das redes fixas trouxe problemas, criando o que os especialistas chamam de monopólio natural. Quem comprou as redes construídas pelos governos tem vantagens na corrida pelo cliente por possuir a última milha - o trecho que liga a casa do cliente à rede de telecomunicações. Mas, monopólios não costumam garantir, na maior parte dos casos, melhoras significativas de qualidade. A Embratel faz progressos a partir da oferta por meio de redes de TV a cabo. A GVT se mantém ativa. Apesar do trabalho dessas operadoras, o caminho ainda é longo para ampliarmos a competição efetiva, diz Arthur Barrionuevo Filho, da Fundação Getúlio Vargas

Seja o primeiro a comentar

Postagem em destaque

Como Criar uma Reserva de Emergência em 5 Passos (Guia Prático para Iniciantes)

   Aprenda  como criar uma reserva de emergência  em 5 passos simples. Descubra quanto guardar, onde investir e como manter seu fundo de s...

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO  

Compare Produtos, Lojas e Preos
BlogBlogs.Com.Br