Android acirra guerra do celular inteligente
VALOR ECONÔMICO - TECNOLOGIA - SÃO PAULO - 16/09/09 - Pg. B2 - Gustavo Brigatto, de São Paulo |
Uma nova batalha está começando a tomar forma no horizonte do mercado brasileiro de telefonia celular. Dessa vez, no entanto, a disputa não envolve licenças para explorar frequências ou preços dos serviços. O confronto agora é dentro dos celulares, mais especificamente pela liderança no software que faz os aparelhos funcionarem e executarem todas as suas funções - o sistema operacional.
Até recentemente, essa disputa estava concentrada em três sistemas diferentes: o Symbian, da Nokia; o Windows Mobile, da Microsoft; e o Mac OS, da Apple. Mas um novo competidor começa a mostrar as garras. É o Android, do Google. Nesta semana, espera-se que a operadora TIM anuncie a chegada do que seria o primeiro aparelho com o Android a ser vendido no mercado brasileiro. Não há previsões, por enquanto, de quando o celular, da Samsung, estará disponível. A HTC, de Taiwan, anuncia amanhã a chegada de seu primeiro modelo do tipo no país. Até o Natal, mais três lançamentos estão previstos, desta vez pela LG, Huawei e Motorola.
Ao contrário de seus concorrentes, o Android foi lançado como uma iniciativa de várias empresas com base em sistemas de código aberto, ou seja, que não requerem o pagamento de licenças de uso. Isso é relevante para os fabricantes, pois elimina custo, e para os desenvolvedores de aplicativos, que tem seu trabalho de criação simplificado. Por ser uma plataforma aberta e flexível, o Android terá uma grande importância no mercado de telefones inteligentes, diz Loredana Mariotto, diretora de marketing para América Latina da Motorola. Na semana passada, a empresa anunciou mundialmente seu primeiro aparelho com o Android, com previsão para chegar ao mercado no último trimestre. Vamos trabalhar para gerar uma corrida às compras, diz a executiva.
Desde que foi anunciado, em novembro de 2007, o Android só foi embarcado em seis aparelhos: cinco da HTC e um da Samsung. O primeiro deles, o G1, vendido nos Estados Unidos com exclusividade pela operadora T-Mobile, vendeu 1 milhão de unidades em seis meses. No mesmo período, a AT&T comercializou 3 milhões de iPhones, segundo informações divulgadas pelas empresas. Muitos especialistas consideraram o G1 um aparelho incompleto e cheio de falhas, que precisaria de mais tempo para ser colocado à venda.
Para Félix Ximenes, diretor de comunicação do Google no Brasil, essa é uma questão de mercado. Ou você é o primeiro, ou você é o melhor. E a HTC foi muito rápida em lançar o primeiro telefone com Android. Na avaliação do executivo, é normal que exista um atraso entre o anúncio do sistema Android e o lançamento de celulares com ele embarcado. Lançamos o Android em uma fase inicial de desenvolvimento para permitir a colaboração da indústria, diz Ximenes. Até o fim do ano, a previsão é de que mais de 20 aparelhos cheguem ao mercado por meio de diferentes fabricantes. Algumas companhias já planejam até colocá-lo em computadores e telefones fixos.
A estimativa da consultoria IDC é de que 3,6 milhões de celulares com Android serão colocados no mercado em 2009. Outra empresa, a Strategy Analytics, acredita que o aparelho se tornará um grande concorrente no mercado de sistemas operacionais para celulares em um período de dois a três anos.
Do ponto de vista do consumidor, Fernando Faria, analista da Pyramid Research, não espera que os aparelhos com Android tenham um impacto imediato de vendas tão forte quanto o do iPhone. O iPhone trouxe inovações de forte apelo como a tela sensível ao toque, navegador de internet, aplicativos e especialmente uma interface gráfica bastante atraente, diz. Ele afirma, entretanto, que a chegada de aparelhos com o Android mexe com a dinâmica do mercado, já que as operadoras e os desenvolvedores terão que se adaptar a mais uma plataforma tecnológica.
Para João Paulo Bruder, analista de telecomunicações da IDC, as primeiras aplicações criadas para o Brasil podem levar cerca de seis meses para começar a aparecer. Mas Bruder destaca que isso não é um problema. Assim como o iPhone, os telefones com Android também têm acesso a uma loja de aplicativos (Android Market), com cerca de 10 mil aplicações hoje. A expectativa é de que os celulares com Android cheguem ao Brasil custando entre R$ 1,3 mil e R$ 2 mil.
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