16 setembro 2009

AG e La Fonte preparam novos passos da Oi



VALOR ECONÔMICO - EMPRESAS - SÃO PAULO - 14/09/09 - Pg. B3


Heloisa Magalhães, do Rio

A Andrade Gutierrez (AG) e a La Fonte já não têm mais a maior parte dos negócios vinculada, respectivamente, à construção pesada e aos shopping centers. Com a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi, a nova empresa já responde por metade do faturamento dos dois grupos.

Por isso mesmo, a formatação da nova Oi está entre as prioridades da AG e da La Fonte. Os últimos meses foram reservados para desenvolver a estratégia da empresa e cuidar da imagem de uma operação que criou controvérsia e exigiu mudanças nas normas do setor.

A compra, com apoio do BNDES, envolveu bilhões de reais e reformulou uma intricada estrutura societária, com litígio e ações judiciais envolvendo o Opportunity, a Telecom Itália e o Citigroup. Tudo sob a meta de montar uma companhia com atuação nacional, capaz de oferecer um portfólio completo de serviços.

O momento, agora, é de reforçar a atuação no país e digerir a compra, embora novas aquisições não estejam descartadas, diz o diretor-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. Vamos às compras quando houver oportunidades claras e boas, afirma.

Azevedo admite que com a compra da BrT - que envolveu recursos de R$ 13 bilhões, incluindo os R$ 5,3 bilhões desembolsados pela Oi para assumir o controle -, a companhia está com o caixa apertado. Mas ele diz que a tele poderia participar de um processo para adquirir uma empresa que gere caixa, fazendo uma espécie de project finance.

Ao anunciar a compra da BrT, uma das estratégias divulgadas foi a internacionalização das atividades. Por enquanto, a presença no exterior se limita a cabos submarinos que vão até os Estados Unidos, que representa receita de US$ 150 milhões anuais, e aos serviços de satélite pela Hispamar. Ao que tudo indica, porém, os planos no exterior não são de curto prazo. Pedro Jereissati, vice-presidente da La Fonte - companhia criada por seu pai, Carlos Jereissati - diz: Os dois primeiros anos da Oi serão para consolidar os benefícios da escala, mas consideramos que entrar em São Paulo é quase uma internacionalização. O mercado é maior que o do Chile e da Argentina juntos, avalia.

Por enquanto, a nova Oi é uma serpente que acabou de comer um boi e o está digerindo, completa Luiz Eduardo Falco, presidente da companhia. Ele lembra que a empresa trabalha em várias frentes ao mesmo tempo, incluindo a fusão propriamente dita e a estreia em São Paulo como quarto competidor na telefonia celular, um mercado onde todos que atuam são fortes concorrentes, diz.

A imagem da nova Oi é uma preocupações dos controladores. Nossa mensagem para a administração da companhia é simples. Queremos uma empresa que respeite os clientes e ofereça produtos de qualidade, diz Azevedo.

Na primeira entrevista juntos após a fusão, Jereissati, Azevedo e Falco receberam o Valor para falar não só dos planos da nova companhia, mas deixar claro que Falco não está deixando a presidência, rumor que circulou no fim de agosto.

O ruído, segundo os controladores, pode ter nascido pelo fato da holding Tele Norte Leste Participações (TNLP) fechar o segundo trimestre com prejuízo líquido de R$ 146 milhões. A dívida líquida, em junho, chegou a R$ 21,6 bilhões, 173,7% maior que os R$ 7,9 bilhões de um ano antes, quando a empresa lucrou R$ 288 milhões.

Os sócios dizem que o resultado era esperado porque absorveu a amortização de ágio pela compra da BrT. Nossos resultados sempre foram crescentes e bons. Hoje estamos numa zona de transição e vamos levar dois anos para dar uma arrancada. Nosso maior negócio é o de telecomunicações, diz Azevedo. Demos um salto quantitativo e Falco fez [isso] com muita competência. Reestruturamos uma empresa sem desrespeitar as pessoas. Se um dia Falco sair, isso não vai significar que ele não seja o melhor, só que não deu certo conosco.

Desde o ano passado, Azevedo e Jereissati dedicam boa parte de seu tempo à Oi. Eles lideraram as negociações para desatar o nó societário na BrT e, agora, estão à frente das decisões estratégicas. Falco leva as propostas aos dois maiores acionistas. Então, junto com o presidente do conselho de administração, José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha, representante da Fundação Atlântico, eles definem os temas que seguirão para avaliação pelo conselho, formado pelos demais sócios controladores - BNDESPar e os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef.

A Fundação Atlântico, fundo de pensão dos funcionários da Oi, foi complemento-chave para garantir o controle aos grupos AG e La Fonte. Sem os cerca de 11,5% da fundação, os dois grupos teriam menos de 50% do controle da nova empresa.

A AG, das áreas de concessões públicas e construção pesada, fechou 2008 com faturamento de R$ 11,757 bilhões. As telecomunicações responderam por 37% do total, com previsão de saltar para 48% este ano, diz Azevedo. Já a La Fonte, que planeja inaugurar mais três shopping centers este ano (um em Brasília e dois em São Paulo), fechou o ano passado com receita de R$ 3,5 bilhões. A projeção para este ano é chegar a R$ 5,4 bilhões, devido à fusão da Oi com a BrT.

Cada um dos grupos respondeu por cerca de R$ 1,7 bilhão em toda operação envolvendo a Oi. Foram R$ 850 milhões no leilão de privatização (corrigidos pelo IPCA) e igual valor na compra da BrT e no aumento de participação, em abril de 2008. Os dois grupos foram financiados pelo BNDES nos recursos necessários para o leilão de privatização em 1998, quando a concessão foi vendida por R$ 3,434 bilhões, e na compra da BrT. A BNDESPar também entrou como sócia das duas operações. 

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