17 junho 2009

Flat-fee - sugestões de uso

TELECOM - WEB - 15/06/09
Júlio Püschel é gerente de consultoria do Yankee Group na América Latina
Não é nenhuma novidade que as operadoras móveis estão se preparando para uma redução na receita com serviços de voz e buscam novas fontes de receita. Apesar do número de linhas móveis ainda terem um crescimento médio composto anual (CAGR) de 15% no Brasil, a tendência é que as receitas com este serviço comecem a reduzir, o que está acontecendo atualmente com as receitas de voz fixa - o serviço acabou se tornando uma "commodity".
Também não é novidade que, assim como as operadoras fixas, as operadoras móveis estão prevendo que a grande alternativa a esta diminuição de receita de voz é a banda larga móvel. E é por este motivo que elas têm investido cada vez mais na tecnologia 3G, de forma a conquistar também sua fatia no mercado de banda-larga. De certa forma as operadoras têm algum sucesso, apresentando um crescimento bastante significativo no número de assinantes 3G que, segundo dados da Anatel, foi de quase 5 milhões em abril de 2009.
Só que cerca de 75% do total de assinantes está acessando o serviço 3G via modem USB, conectados a laptops. Apesar do apelo da mobilidade da rede 3G, a maior parte do uso da internet móvel acaba se sendo muito semelhante ao uso da internet fixa, principalmente pelos planos de "flat-fee" (se paga uma taxa mensal para uso praticamente ilimitado). Conseqüentemente, a grande expectativa em relação à receita de dados das operadoras móveis está tomando o mesmo caminho do serviço de voz, se "commoditizando". Ou seja, com a competição no mercado móvel, as operadoras acabam oferecendo velocidades de acesso cada vez mais altas a preços cada vez mais baixos, limitando o crescimento da receita com o 3G. A previsão do Yankee Group é que a receita de dados móveis irá representar apenas 20% do total de receita móvel no Brasil em 2013, um porcentual baixo para uma grande promessa de alternativa a receita de voz.
Entendo que o "flat-fee" seja importante para disseminar uma nova tecnologia, pois elimina a barreira da falta de entendimento do consumidor em relação ao consumo de dados (muito difícil um consumidor saber quantos megabytes ele usa por mês) e facilita a possibilidade de teste de um novo serviço pelo usuário. Estratégia interessante no curto prazo, mas perigosa no longo prazo.
Então como as operadoras devem agir em relação ao flat fee:
- Buscar planos alternativos, mas diferentes de planos sob demanda baseados em quantos MB o consumidor usa por mês. Uma boa idéia seria fazer planos de valores diferentes para cada tipo de usuário e uso. Por exemplo, plano de valor diferenciado para um consumidor usar o Skype pelo celular ou acessar serviços de visualização de vídeos (ex. YouTube). Estes valores poderiam ser inferiores aos valores cobrados pelo acesso, mas seriam limitados a conteúdos específicos;
- Adotar modelos de negócios baseados em propaganda, não cobrando o custo da conexão do usuário final, mas sim de empresas que têm interesses em interagir com diversos perfis de clientes;
- Utilizar a inteligência das redes móveis para oferecer serviços diferenciados para seus clientes, que vão desde o gerenciamento da qualidade de serviços de acordo com o perfil de gasto de cada usuário, até oferecer informações sobre o usuário para anunciantes de portais como Google e Yahoo;
- Se preparar para o mundo IP e tentar aproveitar ao máximo suas oportunidades. O bloqueio do uso do Skype em terminais móveis parece fazer sentido em uma operadora com foco em serviços de voz, mas pode se mostrar ineficaz para uma operadora buscando oportunidades no mundo IP. O consumidor quer usar o Skype e o bloqueio pode gerar uma percepção negativa em relação ao serviço de dados da operadora - O consumidor paga pelo acesso, mas não pode usar o que quiser. Por que não se aproveitar do Skype oferecendo planos exclusivos para o uso desta ferramenta, ou então, oferecer serviços de valor agregado em conjunto com o Skype, como possibilitar o cliente receber chamadas do seu número móvel no computador, quando está no exterior? Acredito que isto melhoraria o relacionamento com os clientes e geraria uma receita adicional para a operadora.
- Incentivar o desenvolvimento de aplicativos e conteúdos móveis. Apesar dos 75% dos usuários 3G no Brasil acessarem o serviço via modem, o grande motivador de adoção da tecnologia será o uso via um terminal móvel (aparelho celular). Modelos de negócios que incluem o custo da conexão, onde o usuário pago pelo conteúdo e não pelo acesso. Por exemplo, download de músicas, livros e vídeos.
Existem sim alternativas ao "flat-fee" que podem fazer com que as operadoras consigam realmente aproveitar todo o potencial de suas redes 3G. Se ficarem no acesso, a tendência é que vejam sua participação na internet reduzir cada vez mais, perdendo espaço para empresas que podem ser potenciais parceiros. E conseqüentemente ver a receita com dados (acesso) ainda ter uma representatividade muito pequena de sua receita total.

Seja o primeiro a comentar

Postagem em destaque

Como Criar uma Reserva de Emergência em 5 Passos (Guia Prático para Iniciantes)

   Aprenda  como criar uma reserva de emergência  em 5 passos simples. Descubra quanto guardar, onde investir e como manter seu fundo de s...

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO  

Compare Produtos, Lojas e Preos
BlogBlogs.Com.Br