Fabricantes de smartphones desafiam domínio da Nokia
VALOR ECONÔMICO - EMPRESAS - SÃO PAULO - 05/08/09 - Pg. B4 |
Olga Kharif e Andy Reinhardt, BusinessWeek
Será que a Nokia vem perdendo o encanto? A companhia finlandesa é a maior fabricante de telefones celulares do mundo há mais de dez anos e continua um rolo compressor financeiro, com receita de US$ 70 bilhões. Perdeu terreno, entretanto, no lucrativo segmento de telefones inteligentes, em franca expansão. Apple, Research In Motion (RIM) e empresas como a HTC, que usam o sistema operacional Android, do Google, surgiram com força, criando um sério desafio para a líder. A Apple [criou] uma experiência superior para o usuário; o Android também vem ganhando muito vigor, diz Jari Honko, analista do eQ Bank, em Helsinque. Sim, a Nokia está com problemas com os smartphones.
A Nokia dificilmente perderá a liderança em telefones celulares. Poderia, entretanto, ver as receitas e lucros afetados, caso a Apple assuma a dianteira nos telefones inteligentes, algo possível segundo alguns analistas. A companhia britânica de consultoria Generator Research prevê queda de participação da Nokia no setor de smartphones dos atuais cerca de 40% para 20% até 2013, com a Apple assumindo a liderança. Se a Nokia ficar fora de posição nesse segmento e a Apple começar a ditar os rumos - como acontece agora - começaremos a ver um impacto [maior] em três a quatro anos, diz Andrew Sheehy, cofundador da Generator.
A Nokia luta com todas as forças para impedir que isso aconteça. A companhia espera reconquistar ímpeto com uma série de iniciativas. A mais importante visa tornar os telefones da Nokia tão bons em rodar softwares quanto o iPhone. A empresa tenta atrair mais projetistas de programas independentes para criar aplicativos para telefones da Nokia. Também se preocupa em tornar seus aparelhos bem mais fáceis de usar, uma desvantagem crucial atualmente. Não estamos satisfeitos com a atual situação, diz Anssi Vanjoki, vice-presidente executivo da Nokia. Mas é preciso ser cuidadoso para não centrar-se muito em uma só parte de cada vez. Veremos melhorias importantes.
A Nokia ganhou certa força com os projetistas. Em 2008, acabou com as comissões de licenciamento pelas ferramentas usadas para criar programas para os telefones da companhia. Em julho, criou uma biblioteca mundial de aplicativos, de forma que os projetistas possam distribuir seus novos softwares para qualquer operadora telefônica sem fio que trabalhe com a Nokia. O resultado? O número de aplicativos na loja virtual Ovi Store, da Nokia, dobrou em dois meses, para 3,5 mil. Ainda assim, continua bem atrás da Apple, que oferece 65 mil programas em sua loja.
A Nokia também tenta captar parte da magia do Vale do Silício. A Symbian Foundation, de Londres, fabricante do sistema operacional mais usado nos telefones inteligentes da Nokia, montou um escritório na região e vem recrutando pesadamente. A Symbian prevê que acabará tendo 30% de seus 200 funcionários no Vale do Silício. As pessoas comentam: o que isso quer dizer? Vocês estão contratando?, conta Larry Berkin, diretor de alianças mundiais da Symbian.
Vanjoki afirma que a Nokia não dependerá apenas da Symbian, que alguns especialistas veem como limitada. A Nokia criou o sistema operacional Maemo para computadores portáteis, que também poderia ser instalado em telefones inteligentes de alto padrão. Será uma vantagem crucial no futuro, afirma o vice-presidente-executivo.
Os investidores mostram nervosismo a respeito do destino da Nokia. As ações da empresa caíram 16% no acumulado do ano, enquanto as da Apple e da Research in Motion valorizaram-se mais de 80%. A capitalização de mercado da Apple é, agora, três vezes maior do que a da Nokia, embora sua receita seja a metade. Vanjoki, contudo, jura que a Nokia continuará no topo. Tenho confiança sobre o futuro, diz. Iremos contra-atacar. (Tradução de Sabino Ahumada) Copyright© 2009 The McGraw-Hill Companies Inc.
Será que a Nokia vem perdendo o encanto? A companhia finlandesa é a maior fabricante de telefones celulares do mundo há mais de dez anos e continua um rolo compressor financeiro, com receita de US$ 70 bilhões. Perdeu terreno, entretanto, no lucrativo segmento de telefones inteligentes, em franca expansão. Apple, Research In Motion (RIM) e empresas como a HTC, que usam o sistema operacional Android, do Google, surgiram com força, criando um sério desafio para a líder. A Apple [criou] uma experiência superior para o usuário; o Android também vem ganhando muito vigor, diz Jari Honko, analista do eQ Bank, em Helsinque. Sim, a Nokia está com problemas com os smartphones.
A Nokia dificilmente perderá a liderança em telefones celulares. Poderia, entretanto, ver as receitas e lucros afetados, caso a Apple assuma a dianteira nos telefones inteligentes, algo possível segundo alguns analistas. A companhia britânica de consultoria Generator Research prevê queda de participação da Nokia no setor de smartphones dos atuais cerca de 40% para 20% até 2013, com a Apple assumindo a liderança. Se a Nokia ficar fora de posição nesse segmento e a Apple começar a ditar os rumos - como acontece agora - começaremos a ver um impacto [maior] em três a quatro anos, diz Andrew Sheehy, cofundador da Generator.
A Nokia luta com todas as forças para impedir que isso aconteça. A companhia espera reconquistar ímpeto com uma série de iniciativas. A mais importante visa tornar os telefones da Nokia tão bons em rodar softwares quanto o iPhone. A empresa tenta atrair mais projetistas de programas independentes para criar aplicativos para telefones da Nokia. Também se preocupa em tornar seus aparelhos bem mais fáceis de usar, uma desvantagem crucial atualmente. Não estamos satisfeitos com a atual situação, diz Anssi Vanjoki, vice-presidente executivo da Nokia. Mas é preciso ser cuidadoso para não centrar-se muito em uma só parte de cada vez. Veremos melhorias importantes.
A Nokia ganhou certa força com os projetistas. Em 2008, acabou com as comissões de licenciamento pelas ferramentas usadas para criar programas para os telefones da companhia. Em julho, criou uma biblioteca mundial de aplicativos, de forma que os projetistas possam distribuir seus novos softwares para qualquer operadora telefônica sem fio que trabalhe com a Nokia. O resultado? O número de aplicativos na loja virtual Ovi Store, da Nokia, dobrou em dois meses, para 3,5 mil. Ainda assim, continua bem atrás da Apple, que oferece 65 mil programas em sua loja.
A Nokia também tenta captar parte da magia do Vale do Silício. A Symbian Foundation, de Londres, fabricante do sistema operacional mais usado nos telefones inteligentes da Nokia, montou um escritório na região e vem recrutando pesadamente. A Symbian prevê que acabará tendo 30% de seus 200 funcionários no Vale do Silício. As pessoas comentam: o que isso quer dizer? Vocês estão contratando?, conta Larry Berkin, diretor de alianças mundiais da Symbian.
Vanjoki afirma que a Nokia não dependerá apenas da Symbian, que alguns especialistas veem como limitada. A Nokia criou o sistema operacional Maemo para computadores portáteis, que também poderia ser instalado em telefones inteligentes de alto padrão. Será uma vantagem crucial no futuro, afirma o vice-presidente-executivo.
Os investidores mostram nervosismo a respeito do destino da Nokia. As ações da empresa caíram 16% no acumulado do ano, enquanto as da Apple e da Research in Motion valorizaram-se mais de 80%. A capitalização de mercado da Apple é, agora, três vezes maior do que a da Nokia, embora sua receita seja a metade. Vanjoki, contudo, jura que a Nokia continuará no topo. Tenho confiança sobre o futuro, diz. Iremos contra-atacar. (Tradução de Sabino Ahumada) Copyright© 2009 The McGraw-Hill Companies Inc.
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