22 outubro 2009

O futuro está presente?




TELETIME - ESPECIAL MOBILIDADE/MERCADO - SÃO PAULO - SET/2009 - Nº 125 - Pg. 28 e 29

Claudio Ferreira

Entra ano e sai ano e a discussão sobre uma padronização para as práticas de m-payment não decola. Sabe-se que a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) prepara uma plataforma de m-payment multibanco, e que esse projeto deve estar concluído nos próximos 18 meses. Será? Enquanto isso, os projetos existentes são específicos e isolados. Iniciativas que surgem tanto de parte das operadoras quanto de bancos, empresas de benefícios ou mesmo de desenvolvedores de sistemas.

Se o mobile banking se consolidou a partir das experiências de cada instituição financeira, o mobile payment cresce em ritmo forte, mesmo sendo uma prática incipiente. E isso pode ser dito globalmente. De acordo com recente pesquisa do Gartner, o número de usuários que utiliza o celular como meio de pagamentos vai saltar de R$ 43,1 milhões em 2008 para R$ 73,4 milhões este ano, ou algo como um aumento de 70,4%. A mesma pesquisa estima que serão 190 milhões usuários em 2012, o que representa algo como 3% do volume de usuários no mundo. Uma gota no oceano. Mesmo o mercado asiático, ávido por novidades, não vai ultrapassar a marca dos 4% de seus celulares fazendo m-payment. E a previsão para a América Latina (Brasil incluído) é ficar mesmo no patamar dos 3%.

"O m-payment engatinha no Brasil e no mundo, porém todo o mundo experimenta. O problema é que existem muitas iniciativas proprietárias e pré-determinadas, como a utilização de um modelo específico de aparelho celular, o que é um erro", critica José Roberto Arruda, diretor de marketing da Sodexo Cheques e Cartões de Serviço, que também colocou na rua um projeto de m-payment (ver box). Perguntado se o governo ou mesmo a Febraban deveriam estabelecer padrões, ele se mostrou totalmente contrário: "o mercado é que deve se autoregular".

Já para Carlos Zanvettor, diretor da área de cartões do Itaú Unibanco, o lançamento de um modelo próprio de pagamentos via celular pela instituição não entra em conflito com os esforços de padronização. "Endossamos e participamos do grupo de trabalho da Febraban que discute esse sistema único, porém também queremos aproveitar a oportunidade de juntar os dois maiores players de cada setor para colocar o modelo à prova. Além disso, o sucesso do nosso modelo pode auxiliar nos trabalhos", acrescenta.

Primeiros passos

A oportunidade à qual ele se refere é o projeto lançado em julho último que uniu a Itaucard e a Vivo em uma parceria para a comercialização de um cartão co-branded que também envolve m-payment. No primeiro momento, em fase-piloto, existem 60 estabelecimentos conveniados em São Paulo e Rio de Janeiro.

O usuário se cadastra na central de atendimento do Itaucard, e seu número de celular é associado ao número de cartão de crédito. No momento do pagamento é preciso apenas que ele digite o número de telefone no POS. O sistema então gera uma senha randômica, válida somente para aquela transação, e a envia, via SMS, ao celular do usuário. O comprador, então, digita essa senha no POS e a compra é finalizada e incluída na próxima fatura do cartão de crédito.

Em um primeiro momento, o novo serviço da Vivo/Itaucard está disponível somente para os usuários dos celulares 5200, 6125, 6070, 6101, da Nokia, e V3i, V3r, V3e, V360, k1 e z3, da Motorola. E o projeto-piloto só será aberto para as demais capitais e regiões do país mediante o sucesso das operações.

Veteranos no tema

Concorrente da Vivo, a Oi é pioneira no tema, tendo lançado há três anos o sistema Paggo, que traz diferenças como a não utilização do POS para efetuar a transação. Para utilizar o serviço, o aparelho Oi do lojista deve estar programado para iniciar a transação, informando o valor da compra e o número do telefone Oi do consumidor. A mensagem é processada pelo Paggo e o valor enviado ao cliente com os dados da compra para confirmação. Automaticamente, o lojista e o cliente receberão uma mensagem em seus handsets comprovando a realização da compra, que só é finalizada mediante digitação, por parte do usuário, de senha pré-cadastrada.

Respaldado pelo sucesso de seu projeto de m-banking lançado há mais de dois anos, o

Banco do Brasil lançou no ano passado o projeto Visa Mobile Pay, em parceria com a administradora de cartões, que permite compras com cartão de débito e crédito pelo celular. Sistema que foi disponibilizado para os milhões de portadores do cartão Ourocard Visa, do BB, para o pagamento de créditos até o valor de R$ 100 e restrito a algumas cadeias de lojas. Depois de se cadastrar, no momento de efetuar o pagamento o usuário informa o número do seu celular e recebe uma confirmação por SMS.
Mas o que define o formato de m-pay-ment? "A tecnologia existe e é algo fácil. Nós não temos nenhum amor sobre uma tecnologia específica ou determinado formato. Olhamos a gestão de despesas e trazemos um menor custo tanto para o lojista como para o usuário. Assim como não podemos esquecer que a utilização do celular no país está atrelado ao pré-pago", garante Arruda, da Sodexo, ao explicar o uso de voz no sistema Mobility Pass.

Blue chip?

Uma aplicação mobile que entra agora no mercado e traz novidades é a ValeBroker, um serviço de distribuição de dados da Bolsa de Valores para celulares e outros dispositivos móveis que pode ser integrado ao processo de compra e venda das ações, que podemos chamar de m-broker. Criado pela Valemobi, a solução é uma opção plug-and-play para bancos e corretoras que queiram oferecer serviços mobile para seus clientes com baixo custo de propriedade.

"O processo não foi simples, investimos muito. Precisamos tratar o sinal da Bovespa com performance e depois desenvolvemos o framework de comunicação para suportar diferentes dispositivos. O primeiro é o iPhone, e em breve chegaremos em todos os dispositivos, acredito que em outubro", garante Leonardo Rocha Magalhães, CTO da Valemobi. Um trabalho iniciado em julho do ano passado e que contou com a ajuda da tecnologia Push do Lightstreamer, um middleware de streaming para aplicativos Ajax, que faz a distribuição de dados em tempo real.

Magalhães aponta que o maior desafio era oferecer uma interface clean, e como não se achou nada interessante no mercado global, a empresa passou a desenvolver também esse componente. "Fugimos do celular normal e fomos para o 3G, que é voltado para o público desse mercado. E desenvolvemos um algoritmo que dribla qualquer possível gargalo na conexão do aparelho, diminuindo a taxa de atualização se necessário", explica.

Modos e segurança

Serão dois modelos possíveis de negócios: o primeiro é a instalação da infraestrutura dentro da corretora e a customização do sistema dentro dos parâmetros do agente. Já no segundo modelo, a solução é operada no datacenter da Valemobi, e garante investimento mais baixo com pagamento conforme o uso e de acordo com o número de clientes finais. "Em menos de um mês, a corretora já pode ter o seu home-broker mobile em operação junto aos seus clientes, com um baixo investimento", afirma Magalhães. Além do real-time, a empresa pretende comercializar uma versão com atualizações de 15 em 15 minutos, para que instituições financeiras e portais de web possam oferecer o serviço aos usuários.

Um fantasma recorrente a todos os projetos mobile é o da segurança, que gera críticas abundantes. Em junho, o HSBC integrou o seu canal de m-banking à plataforma Digipass, da Vasco, buscando responder ao problema. Assim, o cliente pode, entre outros serviços, realizar saques nos caixas automáticos (ATMs) utilizando o CPF e o telefone celular como um dispositivo de autenticação.

O cliente HSBC se conecta à aplicação com o seu número de CPF e um PIN de 6 dígitos criado por ele mesmo. A partir daí, o cliente tem em suas mãos um gerador de senha segura OTP (one-time password). Uma vez que essa senha é verificada pelo software de autenticação Vacman, o cliente acessa qualquer canal HSBC Direct e consegue acessar os caixas automáticos, o Internet Banking e realizar transações como pagamentos on-line e transferência de fundos. "Ao disponibilizarmos uma solução de autenticação baseada no número do CPF em combinação com o Digipass for Mobile, estamos aptos a proporcionar serviços seguros de m-banking de uma forma conveniente e com um excelente custo-benefício", explica Marcello Veronse, superintendente de canais diretos do HSBC Direct.
[CF]

Dinamismo na viagem

A gente emissor de benefícios e serviços ao trabalhador, a Sodexo concebeu o Mobility Pass com a ideia de permitir que empresas e usuários gerenciem suas despesas com táxi em viagens e visitas corporativas. O formato de pagamento é via voz (no celular), dispensando o uso de boletos, dinheiro e cartões. O modelo se inicia quando a corporação remete a lista de funcionários que vão usar o serviço com os respectivos celulares e a autorização de cada um a partir de regras de negócios ou de uso. Quando o usuário pede um táxi ele confirma o uso do Mobility e, ao chegar ao destino, o motorista confirma a viagem com a sua central. Esta passa então uma confirmação do valor para o celular do usuário, por voz e através de uma URA, que confirma a transação.

"Optamos pela voz porque o SLA (acordo de nível de serviços) é melhor que o de SMS. A mensagem no primeiro momento é mais barata, mas a voz compensa pela garantia e dinamismo que nos oferece e, a partir de um volume, ela não é tão mais cara assim. Por outro lado, se a voz tem um uso simples, o desenvolvimento do sistema acaba sendo mais complexo", admite Arruda. Além de agilizar a utilização do serviço de táxi, o executivo afirma que o Mobility Pass permite às empresas automatizar o controle das visitas de seus funcionários, terceiros ou visitantes, gerando economia de tempo e custo.

Entre os primeiros clientes estão empresas de varejo e prestadores de serviço, além da própria Sodexo. "Encontramos uma pequena resistência nas empresas de táxi, que acham que terão mais trabalho, porém elas acabam convencidas quando veem a garantia do recebimento e o maior controle que a solução oferece", conclui.

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