Clonagem é maior desafio para telefonia celular
IDG Now!
O aumento na incidência de clonagem de celulares foi o principal ponto debatido na audiência pública promovida pela Comissão de Defesa do Consumidor com prestadoras de serviço de telefonia celular no Brasil.
Depois de ouvir empresas maiores, que estão espalhadas por uma área mais extensa do País, nesta quinta-feira (21/10) foi a vez de debater com as empresas regionais Telemig Celular, Amazônia Celular, CTBC e Sercomtel.
O próximo passo, segundo o deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL), que dirigiu os trabalhos na ausência do presidente da comissão, deputado Luiz Antonio Fleury (PTB-SP), é marcar uma reunião com a Anatel para debater os problemas e encontrar soluções.
O Brasil já tem hoje 79,9 milhões de telefones celulares, ou um aparelho para cada 2,3 habitantes.
Aumento da insatisfação
Tanto a Telemig quando a CTBC relataram problemas com clonagem em Minas Gerais, onde as duas atuam. Essa seria uma das explicações, segundo o diretor de Clientes da CTBC, Eduardo Barra, para o aumento no índice de insatisfação entre os clientes da empresa nos últimos meses.
Segundo ele, as queixas se referem principalmente à clonagem de aparelhos que utilizam a tecnologia TDMA. "Tivemos um ataque em nosso serviço TDMA, mas já estamos combatendo", explicou.
A sigla TDMA vem do inglês Time Division Multiple Access, ou "Acesso Múltiplo por Divisão de Tempo". O TDMA é um sistema de celular digital que funciona dividindo um canal de freqüência em até seis intervalos de tempo distintos. Cada usuário ocupa um espaço de tempo específico na transmissão, o que impede problemas de interferência.
Ações da Anatel
Segundo o gerente-geral de Comunicações Pessoais Terrestres da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Nelson Mitsuo Takayamagi, há várias linhas de ação em andamento para coibir a clonagem.
A primeira é acabar com os sistemas analógicos, que segundo ele são mais vulneráveis, e aperfeiçoar a tecnologia para rastreamento dos sistemas digitais. "No caso dos celulares TDMA, por exemplo, só é possível a clonagem porque os bandidos roubam o celular, e quando o usuário percebe, já fizeram várias cópias dele", explicou.
O TDMA foi a primeira geração de celulares digitais introduzidos no Brasil, mas, segundo Takayamagi, restam apenas 20% do serviço nesse sistema. "Há sistemas mais eficazes e estamos incentivando as empresas a se aparelharem com detetores de fraude para fazer a prevenção", acrescentou.
Outra medida prevista pela Anatel será um reforço na atuação conjunta com as polícias estaduais e federal para pegar os infratores. "Nada disso adianta se não tivermos punições. Esses bandidos são presos e, ao serem soltos, até requerem o celular de volta para poderem continuar com as fraudes", reclamou o diretor de Engenharia e Serviço da Sercomtel Celular, Wanderley de Resende Neiva.
Para tentar remediar a situação, Takayamagi disse que a Anatel quer o apoio do Congresso para estabelecer penas mais duras e a apreensão dos equipamentos em casos de clonagem.
Reclamações semelhantes
Amazônia Celular e Telemig Celular são empresas diferentes, mas ambas controladas pelo grupo Telpart. Por isso, compartilham a mesma estrutura básica e as mesmas reclamações de usuários junto à Anatel.
A Telemig, que opera apenas em Minas Gerais, informou que o seu call center recebe 1,7 milhão de contatos por mês. Na Amazônia Celular, são 562 mil ligações mensais. Dessas chamadas telefônicas, 30% são solicitações dos clientes, 69% são pedidos de informação e 1% é de reclamações. As duas operadoras somam 4,2 milhões de usuários, sendo 3 milhões só em Minas.
A CTBC tem sede em Uberlândia (MG) e atende 87 cidades dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. A operadora tem 2,6 milhões de clientes e já surgiu como uma empresa privada de telefonia, em 1954.
Empresa pública
Segundo a Anatel, as empresas regionais compartilham um mesmo foco de reclamações. Como elas também operam em telefonia de longa distância, há problemas na utilização de códigos de outras operadoras. A exceção é a Sercomtel, que tem os menores índices de reclamações junto à Anatel, mas atua apenas nas cidades de Londrina e Tamarana, ambas no Paraná. Trata-se da única empresa pública de telefonia no País, com 55% de suas ações pertencentes à Prefeitura de Londrina e 45% à Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel).