Celular com chip de banco e supermercado - MVNO
Celular com chip de banco e supermercado |
BRASÍLIA - A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está preparando uma nova regulamentação para o setor de telefonia móvel que promete revolucionar o mercado. Será criada a figura do operador virtual, que, na prática, transformará bancos e redes varejistas em empresas que também oferecem o serviço celular, mostra reportagem de Mônica Tavares e Patrícia Duarte publicada na edição deste domingo do jornal O GLOBO. Entre os interessados na novidade há pesos pesados como o Banco do Brasil (BB) e o grupo Pão de Açúcar, líderes em seus segmentos. Além de abrir espaço para novos serviços, a medida deve aumentar a concorrência.
O operador virtual poderá alugar a rede das grandes empresas de celular e trabalhar na ponta, junto ao consumidor, vendendo as linhas e/ou oferecendo serviços diferenciados por meio dos aparelhos. Por exemplo: uma grande loja de varejo ou uma empresa que vende ingressos para espetáculos poderá permitir que o cliente adquira produtos e informações pelo celular. Também poderá usar como chamariz descontos nos minutos conversados. Para entrar em campo, a empresa interessada compra das operadoras tradicionais os minutos no atacado (mais baratos), revendendo-os para seus clientes. Na avaliação da Anatel, no Brasil, pequenas empresas que atuam em nichos de mercado, bancos e grandes redes que queiram fidelizar os clientes são os mais cotados para aderir ao novo segmento. Para o gerente de Regulamentação de Serviços Privados da agência, Bruno Ramos, o operador virtual acomoda qualquer tipo de interesse: - O Brasil está começando a ter uma regulamentação flexível. O novo negócio, cuja regulação está em consulta pública até março no site da agência (www.anatel.gov.br), já existe em vários países há cerca de dez anos. Lá fora, foi batizado de Mobile Virtual Network Operator (MVNO). No Brasil, os interessados começam a aparecer. O vice-presidente de Tecnologia do BB, José Luís Salinas, adiantou que estuda a criação desse novo serviço e a possibilidade de fechar acordo com operadoras. A ideia é fornecer alternativas de serviços aos seus clientes por meio do celular. No Pão de Açúcar, o interesse também é claro. O maior grupo varejista do Brasil - também dono das redes Ponto Frio e Casas Bahia - acompanha de perto as discussões para decidir sobre sua adesão. Concorrente direto, o Carrefour informou que está esperando a regulamentação da Anatel para definir sua estratégia. Para analistas, o operador virtual poderá ser uma alternativa interessante de negócio, sobretudo em áreas que tenham pouca cobertura ou não atraiam tanto as operadoras de celular, como as regiões Norte e Nordeste. - Há um lugar no paraíso para todas as empresas se beneficiarem (com o operador virtual). Pode ser uma oportunidade para os operadores celulares tradicionais trabalharem com nichos bem específicos - afirmou o analista-chefe de telecomunicações do Itaú Securities, Valder Nogueira. É o caso da TIM. Para o diretor de Assuntos Regulatórios da empresa, Mário Girasole, o mercado se amplia com os novos parceiros: - As operadoras virtuais podem ser uma ótima oportunidade para as operadoras de rede móvel contarem com um parceiro que atue em nichos onde elas não estão presentes. Teles não querem obrigatoriedade Para o diretor de Planejamento Estratégico da Vivo, Daniel Cardoso, pode ser um modelo de negócio que ataque as despesas comerciais, uma vez que alguns gastos poderiam ser divididos, como atendimento ao cliente e programas de fidelidade: - Há uma oportunidade de negócio, desde que com parceiros corretos e regras razoáveis. É uma possibilidade de ganha/ganha. O desafio é achar um ponto de equilíbrio em que os dois ganham, sem impor condições. Apesar de concordarem que todos podem ganhar com o negócio, as empresas de telefonia móvel ainda têm desconfiança com respeito à proposta. Isso porque ainda há frequências disponíveis a serem licitadas (como a banda H), ao contrário da realidade de outros países onde o serviço já está disponível. Ou seja, nestas localidades havia a necessidade de alugar a rede das empresas existentes. Procurada, a Oi não quis comentar o assunto. - Quero negociar, não ser obrigado a ceder a minha rede - afirma um importante executivo da Claro. |
Fonte: O Globo, 16 de janeiro de 2010. |
Postar um comentário