18 julho 2010

Integração é importante para Vivo e Telesp

VALOR ECONÔMICO - EU & S.A. - SÃO PAULO - 01/07/10 - Pg. D-04
Por Gustavo Brigatto e Graziella Valenti, de São Paulo
Se o futuro da Telefónica e da Portugal Telecom (PT) está em jogo na disputa pelo controle da Vivo, a capacidade de competição da operadora brasileira não é menos dependente do resultado dessa batalha. Bem como o da Telesp.

A importância e a lógica de uma combinação entre Vivo e Telesp não deixaram os analistas e investidores darem grande importância à surpreendente decisão do governo português de vetar a operação.

Essa aposta é turbinada pela expectativa de que a União Europeia pressione Portugal pela retirada da "golden share" e pela crença de que o interesse da Telefónica manterá a negociação aberta.

"Pensamos que isso não é significativo." Essa é avaliação do Barclays sobre o veto português, por conta da pressão na Europa.

O governo pode voltar atrás sem que haja necessidade de uma nova assembleia. Nesse caso, o conselho de administração da Portugal Telecom tem competência para selar a venda da Vivo.

As ações ordinárias da Vivo, que compartilham o expressivo prêmio de controle oferecido pelos espanhóis, subiram mais de 7%, para R$ 86,00. A proposta da Telefónica equivale a R$ 136 por ação ordinária detida pela Portugal Telecom, o que dá R$ 109 por ação de minoritário (ON). Nem mesmo as ações da PT sofreram baque muito grande em Lisboa: queda de 1,45%. Já os papéis da Telefónica, em Madri, tiveram leve alta de 0,96%.

"Acreditamos que as ações da Vivo e da Telesp reagirão bem com as significativas sinergias de uma fusão", escreveram os analistas do Deutsche Bank após a assembleia, destacando que apesar do veto, a oferta foi aprovada pelos acionistas, o que é uma vitória para os espanhóis.

Para Valder Nogueira, do Santander, que também considera positiva os 74% de aprovação para venda da Vivo, a medida do governo pode dar tempo adicional para a PT encontrar e negociar a entrada numa outra empresa. Há grande expectativa de que essa companhia seja a Oi.

Mas uma eventual frustração definitiva de uma combinação entre Telesp e Vivo traz preocupações. Na avaliação de analistas, caso a Vivo não integre sua operação a uma rede fixa, pode vir até a perder a liderança do mercado de telefonia móvel no Brasil. "Se você tem o movimento dos competidores acontecendo e não se prepara para esse cenário, lá na frente isso vai apertar o calo", diz Bruno Baptistão Neto, da Frost & Sullivan.

A união dos serviços fixos e móveis é uma tendência global que no Brasil foi iniciada pela Oi. O processo de integração também está acontecendo na TIM, que comprou a Intelig no ano passado e na Claro, que atuará mais próxima à Embratel com a reorganização das empresas do mexicano Carlos Slim.

Para Neto, essas movimentações levam algum tempo para resultar em produtos ao consumidor. O analista diz acreditar, no entanto, que quando chegarem, essas ofertas serão bastante agressivas. "A Vivo não pode dar margem para erros. Ela precisa de uma definição rápida", diz.

Ronaldo Sá, da Orion Consultores, acredita que além da integração das redes, a Vivo também perde ao não poder aproveitar os canais de venda da Telefónica no Estado de São Paulo.

Sá duvida que sinergias desse tipo poderiam ser alcançadas pelo entendimento entre espanhóis e portugueses. "Nenhuma tentativa de se fazer isso deu certo até hoje."

Ele acredita ainda que a falta de entendimento entre os sócios possa afetar as decisões estratégicas da Vivo, caso não haja uma solução para o impasse gerado pelo governo português como aposta o mercado. "A Telefónica pode não ter poder para levar o negócio para onde quiser, mas para contrariar as decisões ela tem", pontua.

As desavenças entre os sócios eram sérias até 2005, antes da chegada de Roberto Lima à presidência. O clima melhorou mais em 2007, quando a Vivo abandonou o CDMA e migrou para a tecnologia GSM. Agora o cenário de disputa interna surge novamente.

Mas a união com a Telefónica pode ter um efeito limitado para a Vivo, na opinião de Francisco Neves, diretor regional de São Paulo da Guerreiro Consult. Para o especialista, as vantagens só seriam percebidas em São Paulo, onde a Telefónica opera telefonia fixa.

O professor Arthur Barrionuevo, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), acha perfeitamente possível a Vivo permanecer só como uma operadora móvel. "[A integração] é uma vantagem, mas não é imprescindível."

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