Modelo de MVNO na América Latina
09/12/2005
A falta de experiências de operadoras virtuais de redes móveis (MVNO) na América Latina, onde a Bolívia é a única exceção, e as diferenças de condições regulatórias, comerciais e sociais do Continente, são os principais obstáculos na difusão desse modelo de operação na região.Há muita resistência das teles locais, principalmente devido a condições regulatórias pouco claras e à falta de informação sobre o valor das licenças. As empresas vêem riscos na introdução de serviços que podem canibalizar seu mercado e não há modelos estratégicos que sinalizem lucros para as operadoras móveis tradicionais.
A experiência da implantação de uma MVNO na Bolívia foi tema do congresso GSM Americas 2005, patrocinado pela Associação GSM, em Miami (Flórida). Em 2002 a operadora móvel Viva uniu-se à fixa PSTN criando a Cotas para o lançamento do serviço de MVNO, em Santa Cruz. Hoje, a Cotas detém apenas 4% do mercado móvel, concorrendo com mais três operadoras: Entel, Telecel e a própria Viva.Entre os desafios enfrentados pela operação, conforme explica Freddy Maldonado Valcik, vice-presidente de regulamentação da PCS, da Bolívia, estão o baixo tráfego de interconexão e de custo das tarifas (bastante aquém da média latino-americana), especialmente no pós-pago, comprimindo as margens.Vencer obstáculosPara superar obstáculos, a estratégia na Bolívia foi focar nichos oferecendo um regime tarifário melhor para não concorrer com outros serviços móveis mais baratos. Outro obstáculo da operação, segundo Valcik, é não existir uma regulamentação espeíifica para as operadoras virtuais. "Para quem se aventurar em oferecer o serviço na região é necessário conhecimento profundo dos assinantes e uma forte posição da marca por meio da integração desta com outros serviços para criar lealdade", explica.Também é necessário captar segmentos mais difíceis para as operadoras tradicionais. "Se não existir uma forte diferenciação de serviços não há como concorrer nesse mercado", diz o executivo. Ele também destaca que o grau de independência da MVNO da operadora tradicional deve ser gradual e controlado: "A operadora móvel tradicional deve garantir o direito de controle e proteção do mercado contra práticas predatórias ou a interrupção do serviço."Valcik destaca que só é viável uma operação MVNO se o mercado entre as duas operadoras tiver sinergias claras a explorar, como diminuição do custo de aquisição dos assinantes, incremento do uso da rede e atração de novas bases de usuários antes não atendidas. Ana Luiza Mahlmeister, de Miami - TELETIME News
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