28 fevereiro 2009

Portabilidade acirra disputa no mercado de telefonia fixa

 

VALOR ECONÔMICO - EMPRESAS TECNOLOGIA & COMUNICAÇÕES - SÃO PAULO - 27/02/09 - Pg. B-02

Apontada quase como um patinho feio nas telecomunicações, a telefonia fixa está ganhando ares de cisne. Com a chegada da portabilidade numérica, em setembro do ano passado, tornou-se alvo de cobiça entre as operadoras o serviço que pouco cresceu nos últimos anos, quando passou a enfrentar a concorrência dos celulares.
Nas regiões onde já está disponível a facilidade de trocar de operadora mantendo o número de telefone, TIM e Embratel estão direcionando campanhas publicitárias na busca do cliente de telefone fixo. A estratégia das empresas é a ampliar o portfólio de serviços para comer pelas bordas o mercado das concessionárias (Telefônica e Oi/Brasil Telecom).
Ambas já atuavam no segmento de telefonia fixa, mas a mensagem que veiculam agora pretende convencer o usuário de que o monopólio na prestação desse serviço acabou de vez. A atriz Adriana Esteves está na campanha da Embratel exatamente batendo na tecla da liberdade de escolha.
O interesse não é por pouco. A telefonia convencional tem ainda elevado peso no faturamento das concessionárias. Na Oi (ex-Telemar), que oferece também telefonia celular e transmissão de dados, a fixa, em setembro de 2008, respondia por 77% da receita bruta da companhia. O percentual já foi maior, um ano antes era 83%, evidenciando a tendência de redução de interesse pelo serviço e o foco das operadoras na diversificação.
Todas querem conquistar participação nesta dominância, uma vez que Brasil Telecom e Oi, que estão se fundindo, no terceiro trimestre de 2008 detinham 53,7% do mercado de telefonia fixa brasileiro, segundo a consultoria Teleco. De acordo com dados da Anatel referente às concessionárias Telefônica, as agora unidas Oi e Brasil Telecom além da Sercomtel e CTBC, a telefonia fixa vem se mantendo com cerca de 35 milhões de assinaturas em serviço em empresas e domicílios e 1,13 milhão de telefones públicos. Já os celulares somam 151 milhões de acessos no país.
A portabilidade chamou mais atenção dos clientes de telefonia celular - até porque o número de telefones móveis é muito superior ao dos telefones fixos. O último levantamento da Anatel (16 de fevereiro) mostra que, dos 438.612 usuários que já pediram para trocar de operadora, 284.392 são clientes da telefonia celular e 154.220, da fixa.
Esses números correspondem aos assinantes do Nordeste, parte do Sudeste, Norte, Centro-Oeste e Sul do país que já se beneficiam da portabilidade numérica. No dia 2 de março entram em cena as últimas áreas: São Paulo (DDD 11), Rio Grande do Sul (53), Goiás (64), Mato Grosso (66) e Pará (91).
A portabilidade numérica atraiu especialmente o interesse das operadoras autorizadas - jargão que define as empresas criadas para competir com as concessionárias. Até agora, manter o número do telefone era um argumento forte das ex-estatais para evitar a migração de clientes para essas operadoras novatas.
A GVT, que surgiu como empresa-espelho da Brasil Telecom, afirma ter sido a operadora de telefonia fixa que mais atraiu clientes com a portabilidade. No relatório que acompanha as demonstrações financeiras de 2008, a empresa diz ser a operadora fixa que mais conquistou assinantes: até o fim de janeiro deste ano, levou 43% do total de linhas para as quais foi solicitada a portabilidade. "Lideramos a portabilidade apesar de não termos presença no Brasil todo", afirmou o presidente da GVT, Amos Genish, numa entrevista recente ao Valor. A operadora tem se beneficiado da oferta de pacotes que incluem telefone fixo e banda larga.
O diretor de marketing e de negócios residenciais da Embratel, Marcello Miguel diz que o objetivo da disputa pelo cliente de telefone fixo visa incrementar a base, ampliar o leque de serviços. Informa que a empresa já tem "sólida participação na telefonia fixa desde que lançou o serviço batizado de Livre e o Netfone em parceria com a Net Serviços. São 5,5 milhões de linhas e agora é o momento de crescer", diz
Mesmo antes da chegada da portabilidade, as novas concorrentes vinham ganhando mercado na telefonia fixa. Operadoras como GVT e Embratel contavam com 4,4 milhões de clientes em dezembro de 2007 e passaram para 6,7 milhões um ano depois, segundo dados da consultoria Teleco.
Tanto Embratel como TIM chamam atenção para o fato de não vincularem o serviço de telefonia fixa ao pagamento de assinatura básica, como fazem as concessionárias. Já a Oi, por sua vez, diz que cobra assinatura, mas não há multa caso o assinante deseje mudar de operadora, lembra a diretora de marketing, Flávia Bittencourt.
A Oi, segundo Flávia, contra-ataca a investida dos concorrentes focando toda a campanha publicitária na inexistência de multa caso o cliente decida romper o contrato. Outro foco é na oferta de telefonia fixa, celular e acesso a internet no mesmo pacote. Ela diz que hoje menos de 50% dos assinantes da empresa só têm o serviço de telefonia e menos de 10% das vendas são só para os clientes do plano básico.
"Fizemos várias pesquisas e identificamos que o assinante se sente incomodado com cobrança de multa que fica invisível para ele e só aparece quando quer sair. Na Oi, você tem portabilidade de verdade, pois não há multa para quem quer mudar de operadora. Nos preparamos para isso por dois anos, mas queremos garantir que o cliente que usa nossos serviços está feliz", diz a executiva.
Miguel garante que a Embratel não cobra multa e os contratos não têm tempo determinado e foi a primeira operadora que quebrou o conceito de assinatura fixado pelas demais concessionárias onde o cliente paga mesmo sem usar o serviço.
Já para o gerente da região Rio, na TIM, Jorge Monteiro, a multa existe em função dos subsídios que são oferecidos ao cliente. Quando compra um novo terminal celular com preço inferior ao de mercado, ele tem benefício e em troca entra com a fidelização. Monteiro informa que no caso da telefonia fixa, o serviço que a empresa oferece vai além da vantagem de não pagar assinatura. Diz ainda que a TIM montou pacotes de telefonia fixa e celular onde é possível usar qualquer aparelho móvel tanto em casa como fora dela. (Colaborou Talita Moreira, de São Paulo)

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